quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Conflito: O Hedonismo conforme a aplicação imatura que lhe é empregada contrapõe-se ao carpe diem?


Dicionário Michaellis UOL:

"Hedonismo:.
he.do.nis.mo
sm (gr hedoné+ismo) Filos Doutrina ética, ensinada por antigos epicureus e cirenaicos e por modernos utilitaristas, que afirma constituir o prazer, só ou principalmente, a felicidade da vida"
.

É a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. O contrário do Hedonismo é a Anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos. Hedonismo vem do grego hedoné, que significa prazer. Doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral. A teoria socrática do bom e do útil, da prudência entre outros, quando entendida pela índole voluptuosa de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer”.

O hedonismo não é tão superficial quanto parece, mas por não dotar de outras teorias registradas com concepções mais complexas, define-se pelo que foi citado acima ou, tão somente, “prazer imediato”. Existe uma analogia antagônica e uma similar com o famoso princípio do “Carpe Diem”. O Hedonismo predispõe a capacidade reflexiva e de análise com base no que será satisfatório e no que resultará fracasso, antecedente às decisões.

A proximidade teórica está no fato do “ser”, e não do “ter”, que é concedido ao hedonismo, onde há autonomia pessoal e liberdade de decisões, contudo que haja um fim comum, o fim “saudável” do prazer. Enquanto o Carpe Diem é aproveitar as oportunidades, ou seja, ambas podem ser vistas como o prazer momentâneo, a decisão sensata e instantânea. Porém, o Carpe Diem, além de ser uma filosofia mais abrangente, resulta na capacidade de alicerçar a sua vida, por mais que soe de forma momentânea com o “aproveite o dia”, o “aproveite as oportunidades” nos remete um ideal mais progressista e menos imediato. Ser hedonista é uma das éticas do Epicurismo, doutrina ao qual o próprio Horácio (poeta romano, autor da expressão Carpe Diem) se condiciona. Podemos usar desse argumento para contradizer a introdução da analogia. Horácio era filósofo e poeta satírico, o que permite à sua teoria e ao seu poema se desprender desse epicurismo. “Odes (I, 11.8)” onde emergiu a expressão, poderia ter sido escrita com o intuito de ridicularizar o imediato, o que retoma a defesa da introdução, sem contar que a visão de vida após a morte do poeta, reafirma o ideal de “colher o dia”, como “regar hoje, para colher amanhã”.
O Hedonismo, na contemporaneidade, pode se tornar “hedonismo liberal”, do consumismo exacerbado, ou até mesmo “capitalista”. Isso seria uma oposição a qualquer interpretação do Carpe Diem, mas não pode ser levado em consideração, já que é uma leitura errônea até mesmo da concepção hedonista.

Aristipo de Cirene, um dos maiores defensores do pensamento grego hedonista, acreditava que os prazeres deviam ser efetivados com cautela para que as pessoas não se tornassem dependentes desse pensamento. Até mesmo os difusores de seus ideais se desprendem de concepções absolutas, o que permite uma maleabilidade de interpretações, permitindo que toda doutrina seja digno de uma relação, comparando-a ou diferenciado-a com outra.

Continua.

Tese: Luiz Phelipe Fernandes.